quarta-feira, 8 de abril de 2009

o carneiro que miava





carne para as comemorações da Páscoa, Petersburg street, Abuja.
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Já vos falei do meu último matutino domingo. Lavado, tranquilo, sem o ruído do gerador.
Esqueci-me de vos contar da orgia de carne e sangue que se seguiu durante todo o inteiro dia no terraço dos meus vizinhos das traseiras.
Tirei estas fotografias clandestinas da janela do meu quarto, sentindo-me uma verdadeira repórter fotográfica, temerária e passando por instantes de perigo iminente - digna dos primeiros prémios da World Press Photo e das primeiras páginas da National Geographic.

- Para que se saiba, esta malta quando se vê fotografada sem gostar de ser fotografada, não hesita em puxar da catana, ameaçando-a pelos ares mais próximos. -

Aproxima-se a Páscoa. Eu por cá só tenho 4 dias de férias. Os meus vizinhos também. Mas vão aproveitá-los bem. Mataram o carneirito que andava por aí a miar há uns dias e vão partilhá-lo com amigos e família.

Não assisti à matança (graças às Deusas!), mas assisti aos recortes de jornal com a carninha ainda palpitante e vermelhinha. Juntaram-se vários homens (as mulheres, com certeza, irão juntar-se por sua vez na cozinha, para cozinhar os pedaços da criatura) no terraço do meu vizinho de trás. Alegremente, com muita risada, passaram horas e horas no talhanço do carneiro - e foram dividindo alguns pedaços por diversos sacos de plástico (para oferecer a vizinhos, amigos, família?; para vender?).

O Greenaway faria uma ópera cinematográfica disto, claro.

2 comentários:

  1. Sarê, realmente ... bem "roubadas" ! (imagino as tuas taquicardias morais em fazer tal clandestinidade - mas ainda bem que venceste essas vacuidades)!!!
    O título não indicia a matança: só depois de começarem a rolar as fotografias. Confrange-me imaginar que carneiro pressentia que se iria ingloriamente transformar em "agnus dei" e espero que a morte tenha sido boa, e não um "calvário".
    Boas pequenas férias e grandes beijos da
    Mámi

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  2. É a Lei da Sobrevivência, que predomina na "selva": morre o "mais fraco" para alimentar o "mais forte".
    Pior são as touradas onde os desgraçados animais, antes de morrerem, sofrem um verdadeiro calvário para distrairem uma cambada de ignorantes, incapazes de mudar a sua mentalidade...
    Beijos
    Anita

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